O diálogo começa com sinais de apreensão: “Estamos
com problema. Vamos voltar”. Cerca de dois minutos, o tom se altera:
“Não vai dar mais pra voltar.” Nos últimos segundos, os gritos de
desespero: “Baixa o nariz. Baixa o nariz. Baixa o nariz”, que significa
inclinar o avião para que ele ganhe velocidade e sustentação no ar,
segundo especialistas ouvidos pelo Diario.
As duas primeiras frases foram ditas pelo piloto
Rivaldo Cardoso. A última pelo copiloto Roberto Gonçalves. Esta é parte
do relato que está contido nas caixas-pretas da aeronave bimotor LET-410
da Noar Linhas Aéreas, envolvida no acidente que vitimou 16 pessoas,
num terreno próximo à Avenida Boa Viagem, no Recife. O diálogo, com
cerca de três minutos, está sob poder da Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, em Brasília. Somente ao término das
investigações, será divulgado na íntegra.
Ontem, 15 dias após a tragédia, o Diario teve acesso a outra informação ainda extra-oficial: a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) comprovou, em auditoria realizada até a segunda-feira passada, que a Noar apresenta graves irregularidades. Na semana que vem, será divulgado o relatório final. A Anac vai decidir entre a cassação do registro de funcionamento da companhia ou estipular uma multa, cujo valor ainda está sob análise. Ou ainda decidir por aplicar as duas penalidades.
Ficou comprovado que os relatos encontrados no caderno escrito pelos tripulantes sobre problemas operacionais frequentes da aeronave PR-NOA, bimotor da Noar semelhante ao que caiu no Recife, não eram registrados no Diário de Bordo. A atitude contradiz o que exige o Código Brasileiro Aeronáutico. O relatório das investigações feitas pela Anac estava previsto inicialmente para ser divulgado esta semana. No entanto, segundo o órgão, os inspetores ainda estão em fase de confecção do material onde serão todas apontadas as irregularidades do caderno, que foi entregue anonimamente à Rede Globo, poucos dias depois do acidente. Outros pontos relacionados a falhas de segurança e navegabilidade dos bimotores também serão levados em consideração.
Com o resultado divulgado, a Noar não poderá recorrer da decisão. Com a cassação e/ou multa confirmadas na semana que vem, a empresa poderá entrar num novo processo de certificação para voltar a funcionar no Nordeste. O processo pode demorar mais de um ano. A assessoria de imprensa da companhia afirmou que só vai se pronunciar sobre o caso e definir o futuro quando receber o documento oficial com a avaliação da Anac. Os voos continuam suspensos.
Já as investigações da Polícia Federal sobre as causas da queda do bimotor não avançaram. Segundo o assessor de comunicação, Giovani Santoro, o inquérito não foi entregue ao órgão. “O inquérito oficial ainda está no Ministério Público Federal. O delegado responsável está apenas com uma cópia. Ele aguarda alguns ofícios para começar a ouvir as testemunhas do caso”, explicou Santoro.
Últimos registros da caixa-preta do avião
"Estamos com problema. Vamos voltar"
"Não vai dar tempo de voltar"
Rivaldo Cardoso (piloto do bimotor da Noar)
"Baixa o nariz! Baixa o nariz! Baixa o nariz!"
Roberto Gonçalves (copiloto do bimotor da Noar)
Segundo especialistas ouvidos pelo Diario, "baixar o nariz" significa inclinar o avião para que ele ganhe velocidade e sustentação
Registros do caderno analisado pela Anac
1 - Um dos pilotos da Noar informa, no dia 14 de dezembro de 2010, que as placas de indicação das luzes de aviso dos motores estão trocadas. Ele alerta que isso pode gerar erro grave em caso de pane ou fogo. Ao lado da informação há a assinatura de um funcionário que diz que uma correção provisória foi feita, enquanto as placas não são invertidas
2 - Em muitas anotações, consta que luzes dentro da aeronave estavam queimadas. Ao lado da informação, o comandante Marco Sendin, diretor de operações da Noar, diz que as lâmpadas já foram trocadas
3 - No dia 3 de julho, o registro diz que a razão de subida no display do comandante apresenta variações que a tripulação considera absurdas, de 100 a 1.300 pés por minuto, enquanto o display da direita apresenta mais ou menos 100 pés
4 - Na última queixa feita no caderno informal, o piloto escreve: “Urgente, atenção! Um copiloto que voava como passageiro disse que a porta do trem de pouso esquerdo, que já se encontrava amassada, parecia que ia se soltar em voo, inclusive dobrando para cima pela ação do vento
5 - Há mais de um registro de perda de potência nos motores do avião
Procedimento padrão
1 - Segundo especialistas, no momento em que o piloto tenta identificar uma pane no motor, pode se confundir se as placas estiverem trocadas. E achar que a pane está acontecendo no outro motor
2 - Para os pilotos, pouco influi que as luzes estejam apagadas na área dos passageiros. O problema é simples e foi resolvido rapidamente
3 - Uma das anotações tinha a palavra “absurda”. Para alguns pilotos, essa variação, quando chegou a 100 pés, seria suficiente para que fosse trocado o instrumento
4 - Isso pode causar algum problema aerodinâmico à aeronave. O piloto estava pedindo que realmente fosse tomada uma providência.
5 - A perda de potência, de acordo com pilotos, é um problema grave, que afeta a estabilidade da aeronave
Ontem, 15 dias após a tragédia, o Diario teve acesso a outra informação ainda extra-oficial: a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) comprovou, em auditoria realizada até a segunda-feira passada, que a Noar apresenta graves irregularidades. Na semana que vem, será divulgado o relatório final. A Anac vai decidir entre a cassação do registro de funcionamento da companhia ou estipular uma multa, cujo valor ainda está sob análise. Ou ainda decidir por aplicar as duas penalidades.
Ficou comprovado que os relatos encontrados no caderno escrito pelos tripulantes sobre problemas operacionais frequentes da aeronave PR-NOA, bimotor da Noar semelhante ao que caiu no Recife, não eram registrados no Diário de Bordo. A atitude contradiz o que exige o Código Brasileiro Aeronáutico. O relatório das investigações feitas pela Anac estava previsto inicialmente para ser divulgado esta semana. No entanto, segundo o órgão, os inspetores ainda estão em fase de confecção do material onde serão todas apontadas as irregularidades do caderno, que foi entregue anonimamente à Rede Globo, poucos dias depois do acidente. Outros pontos relacionados a falhas de segurança e navegabilidade dos bimotores também serão levados em consideração.
Com o resultado divulgado, a Noar não poderá recorrer da decisão. Com a cassação e/ou multa confirmadas na semana que vem, a empresa poderá entrar num novo processo de certificação para voltar a funcionar no Nordeste. O processo pode demorar mais de um ano. A assessoria de imprensa da companhia afirmou que só vai se pronunciar sobre o caso e definir o futuro quando receber o documento oficial com a avaliação da Anac. Os voos continuam suspensos.
Já as investigações da Polícia Federal sobre as causas da queda do bimotor não avançaram. Segundo o assessor de comunicação, Giovani Santoro, o inquérito não foi entregue ao órgão. “O inquérito oficial ainda está no Ministério Público Federal. O delegado responsável está apenas com uma cópia. Ele aguarda alguns ofícios para começar a ouvir as testemunhas do caso”, explicou Santoro.
Últimos registros da caixa-preta do avião
"Estamos com problema. Vamos voltar"
"Não vai dar tempo de voltar"
Rivaldo Cardoso (piloto do bimotor da Noar)
"Baixa o nariz! Baixa o nariz! Baixa o nariz!"
Roberto Gonçalves (copiloto do bimotor da Noar)
Segundo especialistas ouvidos pelo Diario, "baixar o nariz" significa inclinar o avião para que ele ganhe velocidade e sustentação
Registros do caderno analisado pela Anac
1 - Um dos pilotos da Noar informa, no dia 14 de dezembro de 2010, que as placas de indicação das luzes de aviso dos motores estão trocadas. Ele alerta que isso pode gerar erro grave em caso de pane ou fogo. Ao lado da informação há a assinatura de um funcionário que diz que uma correção provisória foi feita, enquanto as placas não são invertidas
2 - Em muitas anotações, consta que luzes dentro da aeronave estavam queimadas. Ao lado da informação, o comandante Marco Sendin, diretor de operações da Noar, diz que as lâmpadas já foram trocadas
3 - No dia 3 de julho, o registro diz que a razão de subida no display do comandante apresenta variações que a tripulação considera absurdas, de 100 a 1.300 pés por minuto, enquanto o display da direita apresenta mais ou menos 100 pés
4 - Na última queixa feita no caderno informal, o piloto escreve: “Urgente, atenção! Um copiloto que voava como passageiro disse que a porta do trem de pouso esquerdo, que já se encontrava amassada, parecia que ia se soltar em voo, inclusive dobrando para cima pela ação do vento
5 - Há mais de um registro de perda de potência nos motores do avião
Procedimento padrão
1 - Segundo especialistas, no momento em que o piloto tenta identificar uma pane no motor, pode se confundir se as placas estiverem trocadas. E achar que a pane está acontecendo no outro motor
2 - Para os pilotos, pouco influi que as luzes estejam apagadas na área dos passageiros. O problema é simples e foi resolvido rapidamente
3 - Uma das anotações tinha a palavra “absurda”. Para alguns pilotos, essa variação, quando chegou a 100 pés, seria suficiente para que fosse trocado o instrumento
4 - Isso pode causar algum problema aerodinâmico à aeronave. O piloto estava pedindo que realmente fosse tomada uma providência.
5 - A perda de potência, de acordo com pilotos, é um problema grave, que afeta a estabilidade da aeronave
Da redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
Olá, gostariade desaber informações sobre o Concurso da Prefeitura de Martins, Grato.
ResponderExcluirDaniel de Upanema/RN