domingo, 12 de dezembro de 2010

Luiz Gonzaga faria 98 anos na segunda-feira, artistas potiguares celebram a data



Baião-de-dois, picado, buchada, cachaça e mais uma roda de sanfoneiros sentados em cadeiras simples de madeira em homenagem ao criador do forró autêntico e expressão máxima da simplicidade sertaneja. Talvez fosse assim o aniversário de Luiz Gonzaga, se estivesse vivo. Seu Lua completaria 98 anos nesta segunda-feira, 12. Um documento aqui e outro ali, e se monta uma biografia e uma discografia das mais impressionantes do cancioneiro musical do mundo. Pouca gente sabe, mas foi Gonzagão o idealizador do casamento originário do forró, entre a sanfona, o triângulo e a zabumba. O mais interessante é saber como surgiu a ideia. O depoimento é do próprio Gonzaga, em 1973 no programa comandado por Julio Lerner, o Radiola TV (TV Cultura). As imagens em preto e branco traz, além do relato, a figura de Dominguinhos ainda meninote e o filho Gonzaguinha entrevistando o Rei do Baião.

"Por que utilizar somente o triângulo, o zambumba e a sanfona; por que só o trio?". E o pai responde:"Eu vinha cantando sozinho, mas eu precisava de um ritmo, porque a música nordestina precisava de côro. Côro que eu digo é côro de cachorro, côro de bode; um negócio pra bater, que no Rio de Janeiro se usa côro de gado, né? Então, primeiramente eu criei o zabumba baseado nas bandas de côro lá do sertão, aquelas que nós chamamos de esquenta muié. Mas a zabumba só... eu fiquei assim com a asa quebrada. Eu precisava descobrir um instrumento bastante vibrante, agudo, pra brigar com a zabumba. Até que vi passar no Recife, um menino vendendo cavaco chinês, com aquele tubo nas costas, tocando o tinguilin, como ele chamava. Aí, ele fazia aquilo com uma certa cadência, né? Pronto, achei o marido da zabumba".

Novo ritmo

A frieza do diálogo entre pai e filho que até viveram relações tumultuadas em certa época, foi quebrada em seguida, quando Gonzaguinha pergunta da infância pobre do pai lá em Exu, sertão pernambucano: "Minha infância foi pobre, mas não infeliz, porque uma criança não pode saber que é infeliz desde quetenha o carinho de seus pais. E isso não me faltou em casa. Você também sabe bem disso".

E nesta simplicidade tão rica, Gonzagão cantou os sofrimentos e costumes de sua terra e mostrou ao mundo um novo ritmo. Mesmo emanado dos rincões nordestinos, o Forró, Xote, Xaxado ou Baião é pouco considerado representativo da música brasileiro, muito mais exportador de Bossa Nova e do Samba. Mesmo Asa Branca (composta em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira) sendo quase tão regravada quanto Garota de Ipanema.

Fonte: DNonline

Nenhum comentário:

Postar um comentário