Assaltantes são presos com dinamites em Alagoas

Policiais militares e federais de Alagoas apreenderam na terça-feira passada três bananas de dinamite e armamento de grosso calibre com um grupo suspeito de estar envolvido com os assaltos a bancos que vêm ocorrendo no Nordeste com emprego de explosivo. Vários Estados da região, inclusive o Rio Grande do Norte, que teve duas agências explodidas neste ano, já foram vítimas de ações dessa natureza. Na operação, um suspeito foi preso, enquanto outro foi baleado durante o confronto.

A ação realizada pela Polícia Federal e o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) de Alagoas coloca em alerta as autoridades do Rio Grande do Norte, que vêm investigando em sigilo o roubo às agências do Banco do Brasil de Martins e Umarizal, ambas situadas na região serrana do Alto Oeste potiguar. Os dois assaltos do RN com uso de explosivos ocorreram

simultaneamente na madrugada do dia 19 de julho deste ano. O bando explodiu primeiro a agência de Umarizal e de lá seguiu rapidamente para Martins. O valor subtraído pelo grupo nas duas ações não foi divulgado.

Em Alagoas, a Polícia não divulgou o nome dos dois criminosos - um preso e outro morto - e nem de qual Estado eles seriam. A prisão dos dois ocorreu por acaso, quando equipes do Bope e da PF se deslocavam do interior, onde tinham ido trabalhar nas eleições. No caminho, eles encontraram um veículo tipo Ford Ka de cor preta e placa KGA-6898, de Jaboatão dos Guararapes (PE). Ao abordar, segundo a Polícia, os dois integrantes do veículo saíram correndo. Houve troca de tiros e um deles foi baleado e morto e o outro foi capturado. No carro, havia vasto material bélico.

No Ford Ka foram encontrados uma submetralhadora calibre nove milímetros, uma pistola, uma bolsa contendo três bananas de dinamite, vários sacos de lixo e uma furadeira. Os primeiros levantamentos feitos pela Polícia Federal indicam que os dois criminosos pertenceriam a uma dessas quadrilhas que vêm agindo na região Nordeste, principalmente contra bancos. "Nós conseguimos evitar uma tragédia. Essas três bananas que foram apreendidas iriam causar um estrago muito grande", disse o delegado da Polícia Federal Maurício Coelho, durante entrevista coletiva.

Ainda na coletiva, a Polícia confirmou que o grupo teria participação nos assaltos com uso de explosivos ocorridos em Pernambuco e na Paraíba, Estados que vêm sofrendo com maior frequência esse tipo de ação criminosa. Quanto ao Rio Grande do Norte, não foi mencionado, mas logo no início das investigações a Polícia potiguar informou ter certeza que os bandidos que agiram aqui são os mesmos que vinham agindo na PB. Os dois assaltos continuam sendo investigados pelo Departamento Especializado em Investigação e Combate ao Crime Organizado (DEICOR) do RN.

Inteligência do RN integrada com o NE

A Coordenadoria de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED) do RN já está levantando informações sobre a operação realizada em Alagoas. A intenção é descobrir se o grupo que pretendia assaltar uma agência bancária daquele Estado teria agido no RN, mais especificamente no roubo ao Banco do Brasil de Martins e Umarizal, neste ano.

De acordo com o delegado Ben-Hur Cirino de Medeiros, subsecretário de Segurança Pública do RN, sempre que há uma ocorrência dessa natureza, os setores de Inteligência dos Estados do Nordeste atuam em parceria. Ele explica que será feito um levantamento em parceria pela Inteligência dos dois Estados e, caso confirme a participação dessas pessoas em crimes no RN, a investigação é desenvolvida.

A parceria entre os nove Estados que compõem a região Nordeste do Brasil já existe há vários anos, através do Conselho de Segurança do Nordeste, cujo presidente é o secretário da Segurança da Paraíba, Gustavo Gominho. "Mas esse trabalho de troca de informações vem ocorrendo com maior frequência nos últimos anos", explica Ben-Hur.
"Estamos sempre nos comunicando para evitar ou diminuir a entrada de bandidos ou organizações criminosas dos Estados vizinhos. As Inteligências se comunicam quase que diariamente. Quando ocorre uma prisão dessa natureza - assaltantes de bancos com explosivos -, nós temos o maior interesse", avalia.

Ben-Hur cita como exemplo dessa interação entre os Estados do Nordeste o assalto ao Banco do Brasil de São Miguel, no Alto Oeste potiguar, ocorrido recentemente. Parte da quadrilha foi presa pela Polícia em uma barreira montada no Maranhão. "Foram feitas barreiras no Maranhão e em vários outros Estados da região após o assalto e eles acabaram sendo presos. É que sempre que há um caso dessa natureza, toda a região Nordeste fica em alerta", frisa.
No Rio Grande do Norte, funciona a Coordenadoria de Inteligência da Segurança Pública, ligada diretamente à pasta com o mesmo nome. Na Coordenadoria, funcionam o Núcleo de Inteligência da Polícia Civil e o da Militar, ambos atuando integradamente.

Explosões de bancos se espalham pelo NE

No Rio Grande do Norte, apenas duas agências bancárias foram roubadas com a utilização de explosivos, porém a prática vem se disseminando em praticamente todos os Estados da região Nordeste. A Paraíba, vizinha do RN, é quem mais tem sofrido com esse tipo de ação, seguida de Pernambuco, outro alvo constante. No RN, duas agências foram explodidas em julho.
As agências do Banco do Brasil de Martins e Umarizal foram explodidas por assaltantes durante a madrugada do dia 19 de julho deste ano. O bando era composto por cerca de 10 criminosos. Eles usaram explosivos para detonar os caixas eletrônicos e por pouco não explodiram as agências.

A ação nos dois bancos durou exatamente nove minutos, segundo as gravações feitas pelo sistema de câmeras das duas agências bancárias. Os bandidos estavam encapuzados e fortemente armados, divididos em dois carros.

Depois do assalto, policiais militares de toda a região Oeste do Rio Grande do Norte foram enviados à região para fazer buscas aos assaltantes, mas ninguém foi localizado. Já se passaram cerca de três meses após a ousada ação que desafiou a segurança pública do RN e até agora ninguém foi preso. A investigação está sendo feita sob sigilo pelo Departamento Especializado em Investigação e Combate ao Crime Organizado (DEICOR), sob o encargo do delegado Márcio Delgado, que foi designado para esse trabalho.

Depois disso, outras agências bancárias do RN já foram assaltadas, mas nenhuma com uso de explosivo. Em algumas delas, policiais foram feitos reféns pelos criminosos.

Fonte: De fato