Por Danilo Ferreira, via Abordagem Policial
Quem
não é policial muitas vezes ignora quais são os reais motivos pelos
quais os profissionais de segurança pública reivindicam atenção e
reconhecimento. Neste texto, pretendemos mostrar um pouco das agruras
por que passam os policiais, além de algumas de suas funções que parecem
ser dignas de observação quando estamos falando de valorização
profissional. Ao final, o leitor poderá responder à pergunta: “Quanto
você cobraria para ser policial?”:
Passar noites sem dormir
A
maioria das pessoas só vê a polícia quando ocasionalmente passa por
uma viatura ou guarnição durante seu cotidiano diurno, ou na parte
inicial da noite. Para quem não sabe, porém, a polícia trabalha
ininterruptamente todos os dias, inclusive no momento em que os cidadãos
“normais” se encontram no aconchego dos seus lares, aquecidos e
descansados, dormindo para enfrentar a rotina do dia posterior. Às
vezes, esta jornada noturna se estende, em virtude de ocorrências mais
demoradas e problemáticas. Durante o serviço policial, dormir, e todos
os benefícios que o ato traz ao corpo, são exceção.
Faltar a eventos familiares/afetivos
Natal?
Revellion? Carnaval? Dia dos pais? Dia das mães? Aniversário? O
policial não tem direito a qualquer destas comemorações, caso esteja
escalado de serviço. Também não pode deixar de trabalhar, se for o caso,
para ir à apresentação de teatro do filho na escola, tampouco para
fazer uma viagem romântica com o(a) cônjuge. Na polícia, o ditado
popular se faz valer: “primeiro a obrigação, depois a diversão”.
Correr risco de morte
Certamente
este é o mais óbvio dos ônus de se tornar policial, mas também o mais
preocupante: ser policial é trabalhar com a possibilidade de morte a
qualquer momento do serviço. Não são poucos os casos de policiais
mortos em confronto, ou mesmo em acidentes e incidentes possíveis no
desenrolar da atividade: colisão de viaturas em perseguições, manuseio
equivocado de arma de fogo etc.
Ser reconhecido fora de serviço
Um
desdobramento do aspecto acima mencionado está presente também quando
o policial não está mais em serviço. Caso seja reconhecido no momento
de um assalto, por exemplo, dificilmente os suspeitos serão
benevolentes com o policial, pelo receio da represália imediata e
posterior. Assim, admitir-se policial em qualquer ambiente é quase se
oferecer aos riscos inerentes a esta condição.
Salvar vidas de vítimas do crime
Cotidianamente
a polícia põe fim a seqüestros, assaltos com reféns, tentativas de
homicídio, roubos, furtos etc. Cotidianamente a polícia salva vidas, tal
como o médico o faz, com uma diferença: expondo sua própria vida.
Ser generoso, polido e negociador
Embora
a imagem que as polícias tenham entre a população brasileira seja a
de uma instituição rústica, truculenta e abrupta, o fato é que a
maioria dos policiais lidam com os problemas que se lhe apresentam no
dia a dia de modo muito mais brando. Isto porque seria praticamente
impossível resolver a gama de problemas nas ocorrências caso agisse
sempre arbitrariamente. Sem o talento da mediação, o policial estará
fadado ao fracasso.
***
Frente
ao contexto apresentado de modo resumido e superficial ao leitor,
repetimos a pergunta título deste texto: “Quanto você cobraria para ser
policial?”. Como dizem por aí, “perguntar não ofende” (bom seria que
os governadores dos estados brasileiros respondessem a indagação).
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