sexta-feira, 22 de abril de 2011

Chuvas chegam ao interior e açudes começam a sangrar


As chuvas devem persistir até a próxima semana, em todas as regiões do Estado, segundo prevê o serviço de meteorologia da Emparn. Na reunião dos meteorologistas, encerrada na última quarta-feira em Maceió, uma nova avaliação para o inverno do semiárido deste ano: o volume de chuvas será acima da média nos meses de maio e junho. O céu estará nublado em todas as regiões do Rio Grande do Norte durante o feriadão. O meteorologista Gilmar Bristot explica que as chuvas intensas nas regiões Sudeste e Centro Oeste influíram no sistema que traz as chuvas à região Nordeste, ocasionando um veranico no mês de abril que tradicionalmente tem bons índices de precipitações. O serviço de meteorologia da Emparn recomenda que os prefeitos e chefes de Defesa Civil do Estado adotem providências de prevenção urgentes diante do quadro de previsão de chuva para os próximos dias.

ricardo sérgioSangria de açudes como Cruzeta e continuidade das chuvas, especialmente durante as madrugadas, fazem Emparn alertar prefeitos e Defesa Civil quanto à possibilidade de enchentes na região SeridóSangria de açudes como Cruzeta e continuidade das chuvas, especialmente durante as madrugadas, fazem Emparn alertar prefeitos e Defesa Civil quanto à possibilidade de enchentes na região Seridó
“Podemos dizer que o inverno daqui [semiárido nordestino] terá sua fase mais intensa agora, nos meses de maio e junho, quando normalmente as chuvas estariam diminuindo”, destacou Bristot. Para este mês, em boa parte do Estado, a previsão é de ocorrências acima da média. Na capital, por exemplo, o acumulado de chuvas para abril já superou a média (260mm).

“Os modelos meteorológicos apontam que na próxima semana todos os dias são esperadas chuvas região do Seridó, inclusive na quarta ou quinta-feira, nós teremos precipitações mais fortes do que às que caíram até agora. Com isso nós poderemos passar de uma situação de tranquilidade, para uma de emergência, caso se confirmem, porque nós poderemos ter o enchimento de praticamente todos os reservatórios que poderão causar o alagamento de algumas áreas mais baixas, por exemplo em Caicó”, disse Bristot

Chuvas intensas fazem açudes e rios transbordarem

Com as chuvas registradas nos últimos dias, alguns reservatórios da região Seridó aumentaram seus volumes e outros já até transbordaram. É o caso do açude da cidade de São Fernando, que está sangrando desde as primeiras horas da manhã de ontem.

O açude Mundo Novo, na base física da Emparn em Caicó, também atingiu sua lâmina de sangria. O reservatório é localizado às margens da rodovia RN 118, que liga Caicó à Jucurutu. O rio Barra Nova, que passa por Caicó, está com um volume considerável de água, em decorrência do transbordamento de alguns pequenos açudes em sítios localizados em suas cabeceiras. A cheia do rio atrapalha o tráfego de veículos e pedestres na passagem molhada que liga os bairros João XXIII, na zona Oeste, ao Centro.

O açude Marechal Dutra, mais conhecido como Gargalheiras, no município de Acari, está a 2 metros e meio da cota de sangria. O reservatório, um dos maiores da região Seridó, tem capacidade parae 44 milhões, 421 mil e 480 metros cúbicos de água. O açude Cruzeta, na cidade de Cruzeta, está sangrando desde a última terça-feira. O reservatório teve sua obra de construção iniciada no ano de 1920 e foi concluído nove anos depois.

Outro reservatório importante na região é o Itans, em Caicó, que de acordo com informações do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) estava com 42,7 milhões de metros cúbicos (medição no final da manhã de ontem), o que equivale a 52,24% de sua capacidade total que é de 81 milhões e 750 mil metros cúbicos.

Na região oeste do Rio Grande do Norte, a Emparn também registra chuvas em vários municípios. Em alguns deles, os agricultores estão à iminência de colher a produção de lavouras de ciclo mais curto, como o feijão.

BR-226, em São Vicente, é interditada

A intensidade das chuvas na região Seridó ocasionaram a interdição da BR 226, no Km 203,5 em São Vicente no fim da tarde de ontem. Um riacho danificou o bueiro sob a rodovia e  a água “lavou” a pista, danificando também o asfalto. A até o fechamento desta edição, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, o Dnit não havia encaminhado técnicos ao local para avaliar e propor solução ao problema.

A Polícia Rodoviária Federal sugere àqueles que se dirigem às cidades daquela região e que usam a BR 226 como acesso, a optarem pela rodovia estadual que passa por Cruzeta, seguindo até Caicó, e de lá tomar a RN 118 até Jucurutu. Este é o segundo problema causado pelas chuvas na mesma rodovia federal, em menos de dois meses. A primeira foi entre Florânia e Jucurutu.

O fato que ocasionou o problema foi o arrombamento de um açude na Fazenda Miguel da Rocha, de propriedade do ex-prefeito Irani Araújo (PR), em São Vicente. O secretário de Transporte de São Vicente, Nabor Medeiros informou que três bueiros da BR 226 estão danificados e precisando urgentemente de manutenção, já que a força das águas ultrapassou o asfalto, deixando a pista com muita lama.

Defesa Civil mantém estado de alerta quanto às chuvas

As chuvas que caíram ontem não causaram maiores danos nas quatro regiões administrativas de Natal, de acordo com o que informou o coordenador da Defesa Civil do município, coronel Marcos Rodrigues.

“Estamos desde o início do dia (ontem) com nossas equipes monitorando diversas áreas da capital potiguar, tendo constatado uma situação sob controle, sem grandes problemas com relação às chuvas”, informou o coordenador da Defesa Civil, ressaltando que a prefeitura continuará com o trabalho de plantão durante todo o período chuvoso.

O coronel Marcos Rodrigues disse ainda que nesta quinta-feira (21) ocorreu pouco mais de 50 milímetros de precipitação pluviométrica na cidade. As equipes da Defesa Civil já estiveram hoje na Cidade Nova, Nova Cidade, Mãe Luiza, na comunidade do Jacó, este último uma das localidades mais críticas e preocupantes por ter residências construídas em uma área bastante íngreme, além de pontos na zona Norte, como no bairro de Nossa Senhora da Apresentação.

As chuvas provocaram pontos tradicionais de alagamento como em Capim Macio, Rocas, Lagoa Nova, por exemplo, mas sem ocorrências graves, deixando o trânsito fluir normalmente.

Outra informação importante repassada pelo coordenador da Defesa Civil natalense é que as lagoas de captação de chuvas estão com suas bombas funcionando normalmente. Bombas de reservas estão prontas para substituição, caso ocorram danos em algum equipamento em funcionamento. A situação de normalidade em Natal ocorre, segundo o coronel Marcos Rodrigues, pelo trabalho preventivo desenvolvido.

“Mesmo durante os períodos sem chuva, fazemos ações preventivas e de conscientização da população com palestras em escolas, distribuição de panfletos educativos, monitoração de áreas de risco e das lagoas de captação. Dessa maneira, quando as chuvas chegam os transtornos são minimizados”, explicou o coronel Marcos Rodrigues.

Urbana

O diretor de operação da Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana), Alexandre Magno Montenegro Miranda, informou que desde o início do dia de hoje que está com garis na rua fazendo a limpeza de vários locais da cidade.

“Atuamos em locais onde geralmente identificamos acúmulo de lixo, provocado em grande parte porque as pessoas ainda costumam jogar muito lixo na rua. Já atuamos em Petrópolis, Ponta Negra, zona Norte, além de fazer a limpeza das lagoas de captação de chuvas, como as das comunidades Aliança e do Panatis, na zona Norte, onde estivemos na manhã de hoje”, informou o diretor de operação da Urbana, dizendo ainda que mantém uma equipe de plantão para caso seja necessário atuar emergencialmente.

Ainda de acordo com o coordenador da Defesa Civil, coronel Marcos Rodrigues, seu trabalho conta também com o apoio do plantão social da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtas), caso seja necessário a remoção de famílias, além de agentes de trânsito da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semobi), que monitoram o trânsito da cidade.

“Também contamos com o serviço de um psicólogo, necessário nos casos em que as pessoas fiquem traumatizadas em momentos de grande tensão, como se passarem por um deslizamento de terra, soterramento, forem vítimas ou tiverem parentes vitimados”, explicou o coronel Marcos Rodrigues.

Fonte: Tribunadonorte

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